quarta-feira, 24 de março de 2010

Heresia

Alunos:

Guilherme Oliveira, Isnaldo Ferreira, Rodrigo Baliana, Túlio Gimenes, Wingrison

A maior parte dos movimentos heréticos que se sucederam ao longo da história teve raízes num clima generalizado de insatisfação social e espiritual.

No cristianismo e, por extensão, em diversas outras religiões, considera-se heresia a postulação de idéias contrárias à doutrina adotada e difundida pelas autoridades eclesiásticas.

Do ponto de vista católico: Conceito e alcance - O Código do Direito Canônico -- legislação oficial da Igreja Católica -- considera hereges os indivíduos batizados que negam de modo pertinaz verdades que a igreja ensina como reveladas por Deus. Define ainda como cismático o cristão que recusa a submissão à hierarquia eclesiástica e, direta ou indiretamente, ao papa. Qualifica, enfim, como apóstata aquele que renega totalmente sua fé.

Na prática, a figura do cismático e a do herege apresentam grandes afinidades, visto que a negação da autoridade papal já constitui, em si, uma afirmação herética. Ambos diferenciam-se do apóstata pelo fato de continuar considerando-se cristãos. Freqüentemente relativizam os termos do desentendimento, já que por sua vez acusam de hereges os defensores da doutrina oficial.

Ao se aplicar o conceito de heresia a situações ocorridas no antigo regime da cristandade -- sociedade constituída pelo cristianismo --, não é fácil determinar até que ponto as diferenças eram de atitudes religiosas ou de posições sociopolíticas mascaradas por assuntos religiosos. A partir de uma perspectiva histórica, só se podem considerar como heréticos, a rigor, os movimentos que não chegaram a consolidar um sistema teológico e uma autoridade eclesiástica próprios. Assim, embora tanto a Igreja Ortodoxa como a Católica e as diversas comunidades protestantes se tenham qualificado umas às outras de heréticas durante séculos, na atualidade o movimento ecumênico evita acentuar as diferenças e, por conseguinte, prescinde do uso da palavra heresia.

Primeiras manifestações heréticas. Por volta do século II da era cristã, os primeiros padres da igreja, como santo Irineu e Tertuliano, condenaram determinados movimentos dentro do cristianismo que, em sua opinião, atentavam contra a autenticidade dos ensinamentos de Jesus. Entre as tendências heréticas mais difundidas, achavam-se o gnosticismo e o maniqueísmo.

Ainda que a especulação filosófica gnóstica fosse anterior ao cristianismo, encontrou terreno propício nas primeiras reflexões da nova religião. Suas idéias fundamentais eram a salvação mediante o conhecimento e a afirmação de um dualismo antagônico entre matéria e espírito, em virtude do qual entre Deus e o mundo -- criado por uma divindade maligna -- existiam emanações intermédias. O desprezo pela matéria levou a dois extremos opostos na moral: o ascetismo absoluto e a libertinagem, esta última justificada porque nada de material tinha importância. O dualismo gnóstico encontrou singular expressão na doutrina dos marcionitas, que opunham o Deus do Antigo Testamento ao do Novo Testamento.

O maniqueísmo pode ser considerado uma forma particular do gnosticismo, que recolhia elementos do cristianismo e do zoroastrismo persa. Seu fundador, o persa Maniqueu, que viveu no século III, distinguia duas substâncias originárias opostas: luz e trevas. Santo Agostinho, em sua juventude, sentiu-se fortemente atraído por essa doutrina.

Rigorismo anti-romano. Durante os séculos IV e V, que presenciaram a decadência do Império Romano do Ocidente, surgiram diversas seitas que defendiam um acentuado rigorismo moral e constituíam com freqüência movimentos regionais contrários às imposições sociopolíticas da capital do império.

O donatismo, de origem norte-africana, trouxe consigo uma reação contra a minoria dirigente romanizada. Seu rigorismo negava a admissão na igreja daqueles que haviam apostatado durante as perseguições. Na Espanha, surgiu o priscilianismo, em torno da figura de Prisciliano, bispo de Ávila, executado no ano 385 que, segundo parece, admitiu práticas religiosas ancestrais de origem celta e criticou o clero romanizante.

O pelagianismo, enfim, inspirou-se nas idéias do monge Pelágio, oriundo das ilhas britânicas. Pelágio rejeitava a idéia de pecado original, defendia o poder absoluto da vontade humana e reduzia a importância atribuída à graça de Deus na salvação. Sua doutrina foi condenada pelo Concílio de Cartago, em 418.

Disputas cristológicas entre Oriente e Ocidente. O reconhecimento do cristianismo com o Edito de Milão e sua posterior conversão em religião oficial do Império Romano fizeram da igreja um centro de lutas políticas, especialmente entre Oriente e Ocidente. A primeira ocasião de controvérsia surgiu com a doutrina de Ário, sacerdote que, de sua comunidade em Alexandria, negava a natureza divina de Jesus Cristo. O imperador Constantino convocou o primeiro concílio ecumênico em Nicéia, no ano 325, e sugeriu a expressão "o Filho é consubstancial ao Pai". Sufocado militarmente, o arianismo difundiu-se entre os povos germânicos mas, na Espanha visigoda, chegou a perdurar como doutrina oficial até o ano 589.

Durante o século V, de fato, o problema de como conciliar a natureza divina com a humana na pessoa de Cristo dividiu as duas grandes escolas teológicas. A de Antioquia, mais racionalista e realista, insistiu no aspecto humano; a de Alexandria, propensa à especulação mística, no lado divino. A disputa entre Antioquia e Alexandria sofreu a interferência das flutuações do patriarcado de Constantinopla e do imperador, que temia a fragmentação do império.

Na linha da escola de Antioquia, Nestório defendeu com tal ênfase a tese das duas naturezas de Cristo que o apresentou como duas pessoas, de onde se deduz que Maria não era mãe de Deus (theotokos). Essa doutrina foi condenada pelo Concílio de Éfeso (431). Entre os séculos V e VIII a escola de Alexandria, que impusera suas teses em Éfeso, acentuou sua posição até o ponto de defender que em Cristo só havia uma natureza, a divina (monofisistas), ou uma vontade (monoteletas). Essas doutrinas foram condenadas nos concílios de Calcedônia (451) e Latrão (649).

Movimentos religiosos populares da Idade Média. Durante a alta Idade Média, ocorreu uma série de movimentos populares que defendiam a volta à pureza e pobreza evangélicas e pretendiam a reforma do clero. Assim, no século XI surgiram em Milão os patarinos, que logo passaram das propostas de reforma à oposição ao clero, a seus ritos e aos sacramentos.

A ênfase na vinda de um messias libertador que estabeleceria o reino de justiça e paz -- que, segundo os milenaristas, duraria mil anos -- reapareceu na situação de crise social dos séculos XII e XIII. O abade Joaquim de Fiore, morto em 1202, elaborou uma teologia da história segundo a qual, depois da idade do Pai (Antigo Testamento) e da idade do Filho (a igreja), viria a do Espírito, que suprimiria a hierarquia eclesiástica.

Os valdenses, seguidores do francês Pedro Valdo e conhecidos como os "pobres de Lyon" ou "pobres de Cristo", foram censurados por dedicarem-se à pregação, uma vez que eram leigos e iletrados, e condenados por questionarem a autoridade eclesiástica, o purgatório e as indulgências. Tiveram seguidores nos "pobres da Lombardia".

A heresia de maior importância histórica da época foi a dos cátaros ou albigenses -- nome que receberam no sul da França, já que tinham seu centro na cidade de Albi. Professavam um dualismo de origem gnóstica e maniqueísta e defendiam a castidade, o jejum e o vegetarianismo. Organizaram-se em dois grupos: os fiéis e os perfeitos. Estes últimos administravam o rito do consolamentum, que incluía a imposição de mãos. A igreja tentou fazer-lhes oposição, primeiro por meio do diálogo e logo mediante a "cruzada albigense", que assolou o sul da França durante a primeira metade do século XIII, e a criação da Inquisição. As ordens mendicantes, dos dominicanos e franciscanos também se originaram do desejo de devolver os hereges ao bom caminho e dar-lhes exemplo de pobreza e humildade.

Precursores da Reforma. O cisma do Ocidente, que no fim do século XIV e princípio do século XV dividiu a igreja, deixou-a mergulhada num estado de grande desorganização. Apareceram, assim, certas doutrinas religiosas, como as que propugnaram o britânico John Wycliffe e o boêmio Jan Hus, que anteciparam muitas das teses da reforma luterana. Wycliffe partia da idéia do domínio de Deus, segundo a qual todo o poder e todo o mérito vem do Senhor. Ele predestina os homens ao bem (igreja invisível) ou ao mal, portanto a igreja visível perde importância. Wycliffe não aceitava a presença real de Cristo na eucaristia e proclamava o fortalecimento do poder do rei como vigário de Deus para administrar a justiça. Foi condenado pelo Concílio de Constança, de 1414 a 1418.

O hussismo constituiu tanto uma doutrina religiosa como uma insurreição política. Hus declarou-se a favor da reforma da igreja segundo Wycliffe e, ao mesmo tempo, reivindicou uma Boêmia livre. Foi condenado, também, pelo Concílio de Constança.

Séculos XVI e XVII. Depois da Reforma protestante, a Igreja Católica permaneceu fiel ao conceito de heresia e condenou como tais diversos movimentos surgidos em seu seio. Entre estes, cabe destacar o iluminismo e o quietismo, aparecidos nos séculos XVI e XVII. Ambas as tendências propugnaram ensinamentos do tipo gnóstico, que situavam os iluminados acima de toda a formalidade externa da igreja, e conseguiram adeptos na Espanha, França e Itália.

Desde meados do século XVII, primeiro nos Países Baixos e depois na França, disseminou-se o jansenismo, inspirado nas idéias do teólogo Cornelius Otto Jansen, de Louvain, que insistia na dupla predestinação, para o bem e o mal, e na absoluta incapacidade humana de decidir seu destino. Aconselhava o ascetismo e desaconselhava a eucaristia. No mesmo clima espiritual surgiu o galicanismo, impulsionado pelo absolutismo do monarca francês Luís XIV, que tentou governar a igreja de seu país sem contar com Roma, amparando-se na doutrina da supremacia do concílio sobre o papa (conciliarismo). Ambas as concepções perderam força em meados do século XVIII. Com a transformação posterior das estruturas sociais, os movimentos heréticos cederam lugar às agitações revolucionárias.

Heresia no pensamento contemporâneo. As mais recentes formulações sobre o conceito de heresia se devem a Frithjof Schuon, uma das maiores autoridades mundiais em religião comparada. Partindo de uma descrição dos pressupostos metafísicos comuns a todas as religiões, Schuon procura dar um conteúdo objetivo ao conceito de heresia, distinguindo entre heresias "extrínsecas" e "intrínsecas". As primeiras são variações de doutrina e método que, por motivos de oportunidade histórica, vêm a ser condenadas por uma autoridade religiosa dominante, mas que, numa outra época, podem vir a ser aceitas, se não como ortodoxas, ao menos como espiritualmente legítimas.

Heresia "intrínseca", ao contrário, é a doutrina religiosa que atenta contra o próprio núcleo da metafísica universal e que, por isso, não encontra abrigo no seio de nenhuma das grandes religiões universais. O protestantismo é um exemplo de heresia "extrínseca" (em relação ao catolicismo). O maniqueísmo, ao contrário, por seu dualismo irredutível, não pode conciliar-se com nenhuma das grandes religiões.

Créditos ao > www.cacp.org.br (http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=866&menu=7&submenu=2)

Heresia no cristianismo

Desde Jesus Cristo (Jo 17,21) passando por todos os apóstolos, especialmente São Paulo, existe um impulso para estabelecer unidade no cristianismo. A primeira forma de demonstração desse impulso foi a manutenção da unidade em torno de Pedro. Se há um só Deus, que se revelou em Jesus Cristo, que fundou Sua única Igreja (Mt 16,18) e se Jesus Cristo mesmo diz que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, não podem existir outras verdades verdadeiras.

No início não havia uma Igreja organizada, como hoje e desde o tempo de Jesus, entre seus discípulos, sempre existiram controvérsias doutrinárias e disciplinares, como se vê em At 15, 1-5. Havia grupos em Roma, no Oriente e norte da África, que sob influência helenística, zoroastrista e de convicções pessoais, que queriam adaptar a doutrina de Jesus às suas idéias. Tais foram os grupos dissidentes ou heréticos fundados por Donato, a gnose de Marcion (o "Primogênito de Satanás"), Montanus, Nestório, Paulo de Samósata e Valentinus entre outros. Os escritos de Tertuliano contra os heréticos e o "Contra as heresias" de Ireneu foram respostas às heresias. O Concílio de Nicéia foi convocado pelo imperador Constantino devido a disputas em torno da natureza de Jesus "não criado, consubstancial ao Pai". Na Santíssima Trindade, as três pessoas têm a mesma natureza, ou seja, a divina.

A partir de 325, algumas verdades do Cristianismo foram estabelecidas como dogma através de cânones promulgados pelo concílio de Nicéia, dentre outros. O Credo Niceno-Constantinopolitano esclarecia os erros do arianos que negava a divindade de Jesus. Foi usado por Cirilo para expulsar Nestório.

O sacerdote espanhol Prisciliano de Ávila foi o primeiro a ser executado por heresia, 60 anos após o Concílio de Nicéia (em 385), sob o protesto de Martinho, Bispo de Tours, que não aceitava o “crime novo de submeter uma causa eclesiástica a um juiz secular”.

Uma das linhas que foi condenada como heresia eram as que divergiam da afirmação de que Cristo era totalmente divino e totalmente humano, e que as três pessoas da Trindade são iguais e eternas. Este dogma (Um só Deus em Três Pessoas = Três pessoas e uma só natureza divina assim como existem bilhões de pessoas e uma só natureza humana) só foi estabelecido depois que Ário o desafiou.

Heresia na Igreja Católica

Historicamente, houve muitos que discordaram dos dogmas da Igreja. Eram considerados hereges quando se tornavam uma ameaça à unidade e porque contrários à Verdade ensinada por Jesus Cristo e contidas nos Escritos Sagrados. A condenação máxima imposta pela Igreja é a pena de excomunhão.

É preciso esclarecer que a pena de excomunhão era aplicada e se uma pessoa ficasse mais de um ano excomungada era considerada herege e processada pela Igreja como tal. Geralmente este processo culminava com a sentença da entrega do herege ao braço secular. Corroboram esse raciocínio, não apenas relatos históricos, como também o teor dos sermões realizados pelos padres que se referiam aos crimes do hereges, bem como a presença de autoridades eclesiásticas aos autos-de-fé. Há farta documentação histórica sobre os autos de fé e seus critérios, merecendo destaque a obra "Manual dos Inquisidores" de Nicolau Eymerich e posteriormente modificado, mais ou menos 200 anos após, por Francisco de La Pena.

Seitas consideradas heréticas dentro do Cristianismo

Anabaptistas

Paulícianos

Montanismo

Ofismo

Marcionismo

Adocionismo

Adamismo

Monarquianismo

Gnosticismo

Sabelianismo

Maniqueismo

Donatismo

Arianismo

Apolinarianismo

Monotelismo

Nestorianismo

Pelagianismo

Monofisismo

Catarismo

Bogomilismo

Socianismo

Jansenismo

Quietismo

Pietismo

Puritanismo

Americanismo

Adventismo

Mormonismo

Russellismo

Pentecostalismo

6 exemplos :

Anabaptistas :

("re-baptizadores", do grego "ana" e "baptizo"; em alemão: Wiedertäufer) são cristãos da chamada "ala radical" da Reforma Protestante. São assim chamados porque os convertidos eram batizados em idade adulta, desconsiderando o até então batismo obrigatório da igreja romana. Assim, re-batizavam todos os que já tivessem sido batizados em criança, crendo que o verdadeiro baptismo só tem valor quando as pessoas se convertem conscientemente a Cristo.

Origem

O primeiro uso do termo Anabatistas ocorreu após o Segundo Concílio de Cartago no ano 225 quando 87 bispos sob a direção de Cipriano decidiram rebatizar os fiéis das igrejas adeptas Novaciano, porém o o bispo da Igreja de Roma, Papa Estêvão I favoreceu a aceitação do batismo feito por grupos cismáticos.

Em primeira instância, os grupos que realizavam o re-batismo eram os adeptos do Montanismo e Novacianismo até o séc.IV, os seguidores do Donatismo até o séc.X na África, os Paulícianos condenados pelo código justiniano pelo anabatismo em 525 d.C., expandindo a prática até meados da reforma, os Bogomilos nos Balcãs e Bulgária do século IX até meados da reforma.

A Reforma Protestante do século XVI reacendeu os princípios bíblicos da justificação pela fé e do sacerdócio universal foram novamente colocados em foco. Contudo, enquanto Lutero, Calvino e Zuínglio mantiveram o batismo infantil e a vinculação da igreja ao Estado, os anabatistas liderados por Georg Blaurock, Conrad Grebel e Félix Manz ansiavam por uma reforma mais profunda.

Os anabatistas fundaram então sua primeira igreja no dia 21 de janeiro de 1525, próxima a Zurique, na Suíça, de acordo com a doutrina e conduta cristãs pregadas no Novo Testamento e testemunharam sua nova vida em Cristo.

É difícil sistematizar as crenças anabatistas daquela época, porque qualquer grupo que não era católico ou protestante e que batizava adultos, como os unitários socinianos ou semi-gnósticos como Thomas Muentzer eram rotulados como anabatistas. Esses grupos, junto com os Anabatistas constituem a Reforma Radical.

Em "In nomine Dei", José Saramago retrata um conhecido episódio na história do movimento anabaptista que teve lugar na cidade de Münster (no norte da Alemanha), onde entre 1532 e 1535 foi estabelecida uma teocracia nas linhas das orientações desta denominação. Ver a Rebelião de Münster.

Anabatistas Hoje

Depois de serem massacrados na Guerra dos Camponeses, os Anabaptistas sobreviveram na sua forma pacifista, como a Igreja Mennonita. Originalmente concentrados no vale do rio Reno, desde a Suíça até a Holanda, os anabatistas conquistaram adeptos de cultura germânica. Perseguidos pelo Estado e guerras, tiveram imigração em massa para a Rússia e América do Norte. No final do século XIX e começo do XX surgiram colônias na América do Sul (Paraguai, Argentina, Brasil, Bolívia), onde mantem suas culturas e fé.

Muitos Anabatistas conservadores vivem em comunidades rurais isoladas e desconfiam do uso de tecnologia.

Os principais remanescentes anabatistas são: os hutterites, mennonitas, amishes, cuja postura em muito se assemelha ao estilo de vida dos cristãos descrito no Novo Testamento, especialmente em Atos dos Apóstolos 4:34,35 (pacifismo, comunalismo na produção e consumo).

Os Anabatistas influenciaram ainda outras denominações religiosas, como os Quakers; Batistas; Dunkers e outras denominações protestantes que afirmam a necessidade de uma adesão voluntária à Igreja.

Doutrina

As doutrinas enfatizados pelos anabatistas são:

A Bíblia, principalmente a ética do Novo Testamento, devem ser obedecidas como a vontade de Deus, embora não sistematizando sua teologia, mas aplicando-as no dia-a-dia. A interpretação da Bíblia é realizada nos cultos e reuniões da igreja. Essa posição de evitar querelas teológicas evitou divisões de carácter doutrinários nas denominações anabatistas.

Credos e confissões são somente documentos para demonstrar aquilo que se crê em comum, assim não requerem a adesão formal a eles. Aceitam, portanto, em essência os Credos históricos do Cristianismo, mas não o professam.

A Igreja é uma comunidade voluntária formada de pessoas renascidas. A Igreja não é subordinada à nenhuma autoridade humana, seja ela o Estado, ou hierarquia religiosa. Assim evitam participar das atividades governamentais, jurar lealdade a nação, participar de guerras.

A Igreja não é uma instituição espiritual e invisível, mas uma coletividade humana e real, marcada pela separação do mundo e do pecado e uma posição afirmativa em seguir os mandamentos de Cristo.

A Igreja celebra o Batismo adulto por infusão como símbolo de reconhecimento e obediência a Cristo, e a Santa Ceia em memória da missão de Jesus Cristo.

A Igreja tem autoridade de disciplinar seus membros e até mesmo sua expulsão, a fim de manter a pureza do indivíduo e da igreja.

Como pode ser notado, a teologia anabatista é massivamente eclesiológica, baseada na vida comunitária e Igreja.

Quanto a salvação, o Anabatismo crê no livre-arbítrio, o ser humano tem a capacidade de se arrepender de seus pecados e Deus regenera e ajuda-o a andar em uma vida de regeneração.

O que é único na Teologia Anabatista, principalmente depois de Menno Simons, é a visão sobre a natureza de Cristo, possui uma doutrina semi-nestoriana, crendo que Jesus Cristo foi concebido miraculosamente pelo Espírito Santo no ventre de Maria, mas não herdou nenhuma parte física dela. Maria, seria portanto um instrumento usado por Deus, para cumprir o Seu plano, mas não Theotókos (Mãe de Deus).

A essência do cristianismo consiste em uma adesão prática aos ensinamentos de Cristo.

A ética do amor rege todas as relações humanas.

Pacifismo: Cristianismo e violência são incompatíveis.

O Marcionismo

foi uma seita religiosa fundada em 144 d.C. em Roma por Marcião de Sinope (110-160), um religioso cristão do segundo século, e um dos primeiros a serem denunciados pelos cristãos como um herético.

O Marcionismo rejeita o Antigo Testamento. Alguns cristãos julgam mesmo que os marcionistas sejam Anti-Semitas. A palavra marcionismo é mesmo por vezes usada para referir as tendências anti-judaicas nas igrejas cristãs.

A razão para este ressentimento contra os judeus tem a ver com o contexto em que surgiu. Em Roma, naquele tempo, os romanos lembravam-se ainda das guerras romano-judaicas - a primeira entre 66 e 73, que levou à queda do segundo Templo; a segunda sendo a revolta de Kitos (115-117) e a terceira (132-135) a de Bar Coschba (ver Messias). Consequentemente, os judeus eram muito impopulares, muitos eram escravos no Império Romano e eram inclusivamente atirados aos leões no Coliseu de Roma.

Idéias neomarcionistas têm surgido em alguns grupos brasileiros, assim como a Comunidade Jesus, a Verdade que Marca, de Cícero Vicente de Araújo.

O puritanismo:

designa uma concepção da fé cristã desenvolvida na Inglaterra por uma comunidade de protestantes radicais depois da Reforma. Segundo o pensador francês Alexis de Tocqueville, em seu livro A Democracia na América, trata-se tanto de uma teoria política como de uma doutrina religiosa.

Segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa, o adjetivo "puritano" pode designar tanto o membro desta seita de presbiterianos rigoristas como aquele que é rígido nos costumes, especialmente quanto ao comportamento sexual (pessoa austera, rígida e moralista).

O catarismo :

(do grego καϑαρός [katharós], "puro") foi uma seita cristã politeísta[1], principal motivo pelo qual foi considerada como heresia, surgida no Languedoc e no norte da península Itálica ao final do século XI. As suas ideias constituiam-se num amálgama de conceitos cristãos, gnósticos e maniqueístas. Alguns historiadores indicam a sua formação a partir do século VII quando heréticos daquelas correntes, oriundos do Oriente Médio e do Norte da África, migraram para aquelas regiões da Europa diante da expansão muçulmana; outros, entretanto, afirmam que seriam fruto da expansão das heresias dos bogomilos (Reino dos Búlgaros) e dos paulicianos (Oriente Médio)

As ideias do Catarismo

A doutrina cátara diferenciava-se do Catolicismo e do próprio cristianismo[1] em alguns dos principais conceitos:

1. Negava a existência de um único Deus ao afirmar a dualidade das coisas (existência de um Deus mau).

2. Negava o dogma da Trindade, recusando o conceito do espírito santo e afirmando que Jesus não era o filho de Deus encarnado mas uma aparição que mostrava o caminho à perfeição.

3. Apresentava um conceito do mundo e da Criação diferente (para os católicos o mundo e o homem seriam bons ao serem criados por Deus e o pecado viria da corrupção do homem no pecado original).

4. Propugnava a salvação através do conhecimento em vez de através da fé em Deus.

Criacionismo

Os cátaros não acreditavam que o mundo tivesse sido criado diretamente por Deus, mas que era uma materialização do Mal e que, portanto, os que aqui viviam estavam destinados à expiação até que, após uma vida destinada ao bem, voltassem ao Paraíso perdido. Enquanto não conseguissem isso teriam que reencarnar em sucessivas vidas na Terra.

Salvação

Outra diferença fundamental da então doutrina ortodoxa era que os cátaros acreditavam na salvação pela própria ação pessoal, sendo desnecessário a fé e a graça em Deus conforme defendido pela Igreja Católica, que já havia se pronunciado sobre o assunto, condenando o pelagianismo.

Algumas ideias do catarismo são comuns a doutrinas que apareceriam mais tarde em diversos momentos, como na Doutrina Espírita.

Os cátaros e o Santo Graal

Rezam as lendas que o Santo Graal (supostamente, o cálice onde Jesus teria bebido vinho na Santa ceia) teria sido possuído pelos cátaros. Porém, os templários, cavaleiros cruzados encarregados pela Igreja Medieval de resgatar o Santo Graal teriam capturado os cátaros. Mesmo sendo o objetivo central dos cruzados resgatar o cálice de Jesus, o maior objetivo de todos os cruzados era impor o Catolicismo aos outros povos. Então, os cruzados tentaram impor o cristianismo católico aos cátaros, que se recusaram a abandonar sua fé. Quase todos foram queimados vivos, mas os poucos que sobreviveram levaram o Santo Graal consigo na sua fuga.

Confunde-se muito Templários com cruzados em geral. Os Templários eram cruzados, em sua origem, mas poucos cruzados eram Templários. Na verdade, os Templários - originários da região de Languedoc - desobedeceram uma ordem direta do Papa e não participaram da Cruzada Albigense.

A heresia cátara

A Heresia Cátara provocou a Cruzada albigense, onde vários que eram considerados "Hereges Medievais", e habitavam as cidades e seus arredores, sofreram agressões e mortes violentas no século XIII. Toda a região de Rennes-le-Château carrega o estigma dos resíduos dessa história de amargura e sangue até hoje.

Bérenger Saunière, um sacerdote de Rennes-le-Château, se viu envolvido nessa história de sua terra natal, e entrou em contato com as tradições cátaras, ouviu sobre as lendas do cálice sagrado, e encontrou muitos pergaminhos que remetiam a essa seita, e assim as investigações sobre os mitos e a verdadeira história tiveram início.

A Cruzada Albigense, iniciada em 1209 e que durou cerca de 35 anos, foi comandada por Simon de Montfort sob ordem do Papa Inocêncio III e seus enviados estampavam a cruz em suas túnicas e tinham como meta e recompensas a absolvição de todos os pecados, remissão das penas, um lugar à salvo no céu e, como recompensa material, o produto de todos os saques.

Na Cruzada participou Luís VIII de França. Ela só teve fim após diversas batalhas (onde se destacam de Muret, em 1213, e de Toulouse, em 1218) e após estabelecido o Tratado de Meaux (1229), já sob o reinado de Branca de Castela. Em efeito, porém, o último braço de resistência, Montségur, permaneceu até 1244.

Os cátaros eram dualistas, acreditavam no conflito, portanto, entre o bem e o mal, o espírito e a carne, o superior e o inferior. Para eles, toda a Criação estava imersa em uma guerra eterna entre os dois princípios irreconciliáveis: A luz - ou seja, o espírito - e a escuridão, ou matéria; sendo os primeiros obra e origem Divina do Bem, e o segundo obra e criação do Mal. Acreditando em dois deuses: um sendo o Princípio, o Puro Espírito, a Energia livre das manchas da matéria. O Deus do Amor, considerado incompatível com o poder. Sendo a carne uma manifestação do poder, toda criação material portanto seria obra do segundo deus, um deus usurpador, mau em seu interior, chamado pelos cátaros de Deus do Mundo.

Maniqueísmo :

filosofia religiosa sincrética e dualística ensinada pelo profeta persa Mani (ou Manes), combinando elementos do Zoroastrismo, Cristianismo e Gnosticismo, condenado pelo governo do Império Romano, filósofos neoplatonistas e cristãos ortodoxos.

Filosofia dualística que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.

A igreja cristã de Mani era estruturada a partir dos diversos graus do desenvolvimento interior. Ele mesmo a encabeçava como apóstolo de Jesus Cristo. Junto a ele eram mantidos doze instrutores ou filhos da misericórdia. Seis filhos iluminados pelo sol do conhecimento assistiam cada um deles. Esses "epíscopos" (bispos) eram auxiliados por seis presbíteros ou filhos da inteligência. O quarto círculo compreendia inúmeros eleitos chamados de filhos e filhas da verdade ou dos mistérios. Sua tarefa era pregar, cantar, escrever e traduzir. O quinto círculo era formado pelos auditores ou filhos e filhas da compreensão. Para esse último grupo, as exigências eram menores. Mani foi um preservador da tradição gnóstica. Com a morte de Mestre Jesus, o Cristo, os discípulos se separaram em dois grupos, e fugiram. Um, como bem sabemos, o maior, seguiu para o Egito (onde escolas gnósticas floresceram nas décadas seguintes), seguindo depois para o porto de Marselha, na França. Tal é o motivo de Maria Madalena ser tão venerada na França, e Tiago ter seu famoso ‘caminho’. Tal é o motivo das historias britânicas estarem estritamente relacionadas a José de Arimatéia e assim por diante. Do outro lado temos o grupo de Tomé, Simão o Mago, Matheus... que sobe para as regiões da Síria, onde pequenos núcleos de buscadores da gnosis serão formados. Décadas depois a Síria estará entre as regiões visitadas por Apolônio de Tyana e o gnóstico Paulo. Aliás, a Síria sempre foi objeto de grande interesse espiritual, séculos depois é para a Síria que os Templários se dirigem em busca dos Mistérios, e é igualmente para a Síria que Christian Rosenkrantz, o pseudônimo do fundador dos rosacruzes, se dirige, e lá encontra o seu ‘livro secreto’, e um ‘augusta fraternidade’.

Coincidência ou não, é impossível ignorar a importância dessa região, algo, sem dúvida, devia haver lá.Então, esse segundo grupo de discípulos se dirige para lá. Há relatos que sugerem que Tomé teria passado um tempo lá e retornado para a Índia (como indica o Hino da Perola, que é simbólico, mas usa de base a historia de um príncipe que veio do Oriente). Curiosamente esse ‘Hino da Pérola’ (Ou ‘Hino da veste de glória’) vai ser divulgado a partir de escolas na Síria.

Entre a ‘coleção’ de textos divulgados pela escola da Síria, está o dito Hino, e também os escritos de Tomé, cópias do Evangelho de Tomé se preservaram graças a esses gnósticos antigos.Além do Evangelho de Tomé, temos o ‘Livro de Tomé’ redigido por Matheus enquanto Jesus conversava com Tomé, segundo consta o próprio livro. Esses textos são divulgados mais tarde principalmente por um gnóstico chamado Bardesanes, na Síria. Bardesanes não é nada menos que o avô de Mani. Portanto é nesse contexto gnóstico de Hinos da veste de glória e Evangelho de Tomé que Mani, o Profeta da Luz, é educado. Mani, jovem e inspirado, ignorou ingenuamente o perigo que vinha do oeste e ensinou abertamente; logo, os atentos olhos da oposição, a Igreja que se formava em Roma, viram em Mani um problema. Assim o maniqueísmo passou a ser combatido

Mas o que ensinam esses maniqueus que rejeitaram a ânsia por poder da igreja romana e foram tão perseguidos? Ensinam:

A fonte do Bem está na 'região da Luz'.

O Rei da Luz é a Árvore da Vida. Eu assimilei a Lei da Luz. Eu sou Mani, o Apóstolo de Jesus, o Amigo da Luz.

A Mente-Luz (Cristo) é o que desperta aqueles que dormem.

No homem em quem a Mente-Luz está, sua é a Sabedoria.

A Mente-Luz (a Mente Iluminada) é o Sol dos corações, a Senda dos que buscam, o Pórtico dos tesouros da Vida.

Bem-aventurado é aquele que foi iniciado nesta Gnosis Divina.

Eu encontrei a Terra da Luz. Eu fiz meu caminho para a Cidade dos Deuses.

Eu tornei minha alma limpa – sou um servo de Deus [eu sou um Nazareno].

Vocês são filhos do Dia e filhos da Luz. Jesus tem me auxiliado e ele poderá auxiliar vocês. Ele poderá dar-nos sua Compaixão.

De tempos em tempos a Sabedoria envia os Mensageiros de Deus. Em idades após idades estes Mensageiros têm sido enviados pelo eterno rei da Luz [Zrwan]: Seth, Zoroastro, Buddha, Christos. As primitivas religiões foram verdadeiras enquanto puros líderes estavam nelas.

A presente revelação, esta profecia desta última idade, veio para a Babilônia através de mim, Mani, para as outras escolas e para as outras heresias. Para cada uma delas eu mostrei que a sua própria sabedoria e suas escrituras é a verdade a qual eu desvelei e mostrei ao mundo.

Há duas fontes do que vem à existência: Deus e a Matéria, Luz e a Escuridão, Bem e o Mal. A Luz é a árvore que dá bons frutos. A Matéria é uma árvore que dá maus frutos.

Os mandamentos maniqueus

Eles deviam seguir sobretudo os dez mandamentos seguintes como fio condutor da sua vida cotidiana:

1. Não adorar nenhum ídolo;

2. Purificar o que sai da boca: não praguejar, não mentir, não levantar falso testemunho ou caluniar;

3. Purificar o que entra pela boca: não comer carne, nem ingerir álcool;

4. Venerar as mensagens divinas;

5. Ser fiel ao seu cônjuge e manter a continência sexual, especialmente durante os jejuns;

6. Auxiliar e consolar aqueles que sofrem;

7. Evitar os falsos profetas;

8. Não assustar, ferir, atormentar ou matar animais;

9. Não roubar nem cometer fraude;

10. Não praticar nenhuma magia ou feitiçaria;

Há um romance histórico escrito por Amin Maalouf, um jornalista libanês, que enfoca o nascimento do maniqueísmo. O livro, "Jardins de Luz", foi publicado pela Ed. Record e conta sobre a vida de Mani, desde que ele teria sido levado de junto e sua mãe para o convívio na comunidade dos "Vestes Brancas"...."Sufis".....

Liberdade para o maniqueismo

Em um breve estudo introdutório ao texto ``De Libero Arbitrio de Santo Agostinho, Nair de Assis Oliveira traça alguns pontos distintivos da doutrina maniqueísta e o livre arbítrio para Agostinho. Diz ela:

"Para os maniqueus, havia duas divindades supremas a presidir o universo: o princípio do Bem e o do Mal – a luz e as trevas. Como conseqüência moral, afirmavam ter o homem duas almas. Cada uma presidida por um desses dois princípios. Logo, o mal é metafísico e ontológico. A pessoa não é livre nem responsável pelo mal que faz. Este lhe é imposto (OLIVEIRA:2008, p.15)."

Monarquianismo :

Monarquianismo, ou Monarquismo como é algumas vezes chamado, é uma série de crenças que enfatizam a Unidade Absoluta de Deus. A crença conflita com a doutrina da Trindade, que vê em Deus uma unidade composta pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Os modelos propostos pelo monarquianismo foram rejeitados como heréticos pela Igreja Católica.

O Monarquianismo por si mesmo não é uma doutrina completa, mas um gênero do qual decorrem algumas espécies doutrinárias teológicas. Há basicamente dois modelos, contraditórios:

O Modalismo, ou Sabelianismo considera que Deus seja uma pessoa, manifestando-se e operando em diferentes "modos", como Pai, Filho e Espírito Santo. O proponente desta visão foi Sabélio. A crença foi rotulada Patripassianismo por seus oponentes, por subentender que Deus, o Pai, teria sofrido na cruz.

O Adocionismo entende que Deus é um ser, superior a tudo e completamente indivisível, defendendo a idéia de que o Filho não foi co-eterno com o Pai, mas que foi revestido de Deus (adotado) para os seus planos. Diferente versões do Adocionismo divergem quanto à hora da adoção por Deus, como a hora do seu batismo, ou de sua ascensão. Um antigo expoente desta crença foi Teodósio de Bizâncio.

De acordo com a Enciclopédia Católica, Natálio foi um patripassionista primitivo. Ele foi um Antipapa (bispo rival de Roma), logo antes do Anti-papa Hipólito. De acordo com Eusébio, citando o Pequeno Labirinto de Hipólito, depois daquele ser "flagelado toda a noite pelos anjos santos", vestiu-se de sacos, e "após alguma dificuldade", ele submeteu-se à autoridade do Papa Zeferino

Outro defensor do Monarquianismo foi Paulo de Samosata, que todavia não se fixou entre nenhum dos dois modelos.

História e Evolução

Monarquianismo era um ‘levante’ da cristandade contra a Trindade. O pensamento trinitário predominava, segundo os escritos dos Patriarcas da Igreja, entretanto o dogma da Trindade ainda não estava escriturado em um credo. O Monarquianismo defende a existência de um só Monarca contra a divindade de Jesus, que segundo seus defensores não poderia ser também o Monarca. Inicialmente o monarquianismo foi contra a divindade de Jesus, entretanto surgiram monarquianos que aceitaram a divindade de Jesus, contudo não a divindade plena.

O termo Monarquianismo foi inicialmente usado por Tertuliano quando os "defensores" de Deus (o Monarca) foram contra a unidade Trina (Pai, Filho e Espírito Santo). Eles aclamavam Monarchiam tenemus (temos monarquia). Considerando-se que o surgimento do termo deu-se com um escrito contra Praxeas, atribui-se a ele a introdução do monarquianismo em Roma. Contudo alguns acreditam que fora de Roma o pensamento era mais antigo por satisfazer o ebionismo.

Dividia-se em monarquianismo dinâmico e o monarquianismo modalista.

O modalista, no terceiro século tornou-se mais conhecido por sabelianismo, e concebia as três Pessoas da Trindade como os três modos pelos quais Deus se manifestava aos homens.

Alguns afirmam que o ensino modalista teria sido levado para Roma e Cartago (África) por Noeto de Esmirna, dando origem ao patripassianismo que, querendo preservar a doutrina da salvação, chegou a promover a idéia de que o Pai é que teria morrido na cruz e não Jesus.

O patripassianismo teria contribuído com o surgimento de um pensamento gnóstico que nada tinha com o modalismo. Os gnósticos teriam evoluído daí que Jesus sendo Deus, não poderia sofrer, portanto ali na cruz não se teria visto uma forma carnal e humana, contudo um ser espiritual. Era como se na cruz estivesse um fantasma de Deus, mas Deus não poderia sofrer ou morrer.

Originalmente o modalismo teria surgido com o ensino do modalismo dual. Sabélio no século três evoluiu esse pensamento para o Espírito Santo, surgindo o modalismo trino, mas tal afirmação ainda aceita por muitos teólogos é controversa pela afirmação de Tertuliano contra Praxeas, no século dois, que disse: "Ele tinha expelido a profecia e introduzido a heresia, tinha exilado o Paracleto e crucificado o Pai". O modalismo é atribuído a Sabélio, porque o mesmo é que teria ‘desenvolvido’, e não ‘criado’, tal conceito trino. Seus ensinos se confundiam com a Trindade e muitos aderiram sem a negação do dogma. Sabelianismo tornou-se uma das mais conhecidas vertentes monarquianas.

De Sabélio evoluiu a vertente para o monarquianismo moderno, devido a essa ambigüidade, onde os três modos que Deus se apresenta ao homem se confunde com o dogma da Trindade. Nessa vertente, numa tentativa de expurgar a idéia patripassianista, seus defensores aprimoraram o conceito. No caso o Pai não teria morrido na cruz, mas Jesus teria morrido na cruz, e Jesus seria o Pai quando na posição de monarca, e seria o Espírito quando se manifesta invisivelmente ao homem de hoje. Caminhando em sentido inverso, a explicação monarquiana moderna procede de Jesus. Jesus seria a encarnação de Deus, ou a manifestação de Deus. Jesus, ao se despir a corrupção da carne, resplandece a visão de quem ele realmente é: o próprio Deus. A grosso modo, essa idéia unicista (unicidade), quando posta no papel, é muito parecido com o dogma trinitário. A diferença é que os mesmos salientam em dizer que não são pessoas distintas.

Os monarquianos da atualidade não aceitam de um modo geral serem denominados unitários, pois o termo tornou-se uma forma pejorativa de sincretismo religioso, assim os monarquianos modernos excluem-se das igrejas estabelecidas em qualquer variação histórica, seja Católica Romana, Católica Ortodoxa, ou Gnóstica.

O monarquianismo dinâmico estava alinhado com o ebionismo, e mantinha a unidade de Deus. Criam que Jesus fora tomado pelo Logos de Deus, e merecedor de honras divinas, contudo inferior a Deus. Seu fundador, Teódoto de Bizâncio, erudito de cultura grega, foi excomungado em 190 d.C. Asclepiódoto e Teódoto o jovem, seus discípulos, nomearam um bispo chamado Natal, que fora o primeiro anti-papa, contudo, arrependido, retornara à igreja Romana.

A derivação mais conhecida do monarquianismo dinâmico foi o adocionismo, onde Jesus teria sido adotado por Deus quando o Espírito de Deus sobre ele desceu na forma de uma "pomba" do céu, no batismo de João. Nesse momento teria se tornado o Cristo e fora revestido de poder (dynamis) para seu ministério, mas não era ainda inteiramente Deus, passando a ser com a ressurreição. Era uma tentativa de explicar as naturezas divina e humana de Cristo e sua relação entre si.

Créditos ao > www.wikipedia.org (http://pt.wikipedia.org/wiki/Heresia)

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